O que o Espiritismo pode nos dizer a respeito das
guerras? Como Doutrina filosófica, de bases científicas e consequências morais,
o Espiritismo se relaciona com tudo o que diz respeito ao nosso processo
existencial, pois objetiva contribuir para o progresso da humanidade, tornando-a
melhor. Allan Kardec tratou do tema na parte terceira do Livro dos Espíritos, que reservou para o ensinamento
dos Espíritos a respeito das Leis Morais. No capítulo referente à lei de destruição, a guerra
foi arrolada pelos Espíritos como um de seus agentes. Indagados sobre a sua
causa, os orientadores espirituais afirmaram que é consequência da predominância da
natureza animal do homem sobre a espiritual e do transbordamento de suas
paixões. Esclarecem, ainda, que Deus permite que assim aconteça para propiciar
ao homem a oportunidade de uma evolução mais rápida, no sentido de atingir a
liberdade e o progresso[...]
A guerra, longe de ser uma situação
irreversível, é resultado de um estado passageiro da humanidade. À medida que o
homem progride moralmente, ainda que de maneira lenta, pois a natureza não dá
saltos, as guerras tendem a se tornar menos frequentes, porque ele passa a
evitar as suas causas. Dia virá, certamente, em que ela estará totalmente
banida do nosso meio, pois a humanidade se elevará e aprenderá a conviver com
seus semelhantes, respeitando a lei de igualdade. (Sérgio dos Santos Rodrigues)
Qual a
causa que leva o homem à guerra?
—
Predominância da natureza animal sobre a espiritual e a satisfação das paixões.
No estado de barbárie, os povos só conhecem o direito do mais forte, e é por
isso que a guerra, para eles, é um estado normal. A medida que o homem
progride, ela se torna menos frequente, porque ele evita as suas causas e,
quando ela se faz necessária, ele sabe adicionar-lhe humanidade.
A
guerra desaparecerá um dia da face da Terra?
— Sim,
quando os homens compreenderem a justiça e praticarem a lei de Deus. Então
todos os povos serão irmãos.
Qual o
objetivo da Providência ao tornar a guerra necessária?
— A
liberdade e o progresso.
Se a
guerra deve ter como efeito conduzir à liberdade, como se explica que ela tenha
geralmente por fim e por resultado a escravização?
—
Escravização momentânea para sovar os povos, a fim de fazê-los andar mais
depressa.
Que
pensar daquele que suscita a guerra em seu proveito?
— Esse
é o verdadeiro culpado e necessitará de muitas existências (reencarnações) para
expiar todos os assassinos de que foi causa, porque responderá por cada homem
cuja morte tenha causado para satisfazer à sua ambição.
O homem
é culpável pelos assassinos que comete na guerra?
— Não,
quando é constrangido pela força; mas é responsável pelas crueldades que
comete. Assim, também o seu sentimento de humanidade será levado em conta.
Numa
batalha, há Espíritos que a assistem e que amparam cada uma das forças em luta?
— Sim,
e que estimulam a sua coragem.
Comentário
de Allan Kardec: Assim
os antigos nos representavam os deuses tomando partido por este ou aquele povo.
Esses deuses nada mais eram do que os Espíritos representados por figuras
alegóricas.
Numa
guerra, a justiça está sempre de um lado; como os Espíritos tomam partido a
favor do errado?
—
Sabeis perfeitamente que há Espíritos que só buscam a discórdia e a destruição.
Para eles a guerra é a guerra; a justiça da causa pouco lhes importa.
Certos
Espíritos podem influenciar o general na concepção dos seus planos de campanha?
— Sem
nenhuma dúvida. Os Espíritos podem influenciá-lo nesse sentido, como em todas
as concepções.
Os maus
Espíritos poderiam suscitar-lhe planos errados, com vistas à derrota?
— Sim,
mas não tem ele o seu livre-arbítrio? Se o seu raciocínio não lhe permite
distinguir uma ideia certa de uma falsa, terá de sofrer as consequências e
faria melhor em obedecer do que em comandar.
O
general pode, algumas vezes, ser guiado por uma espécie de dupla vista, uma
visão intuitiva que lhe mostre por antecipação o resultado dos seus planos?
— É
frequentemente o que acontece com o homem de gênio. É o que ele chama
inspiração e lhe permite agir com uma espécie de certeza. Essa inspiração lhe
vem dos Espíritos que o dirigem e se servem das faculdades de que ele é dotado.
O
Espírito que assiste friamente a um combate, como espectador, testemunha a
separação entre a alma e o corpo? E como esse fenômeno se apresenta a ele?
— Há
poucas mortes realmente instantâneas. Na maioria das vezes, o Espírito cujo
corpo foi mortalmente ferido não tem consciência disso no mesmo instante.
Quando começa a retomar consciência é que se pode distinguir o Espírito a
mover-se ao lado do cadáver. Isso parece tão natural que a vista do corpo morto
não produz, nenhum efeito desagradável. Toda a vida tendo sido transportada
para o Espírito, somente ele chama a atenção e é com ele que o espectador
conversa ou a quem dá ordens.
Fonte:
O Livro dos Espíritos (Allan Kardec) / Parte 2 / Cap. 9 / Item X
espiritananet.blogspot.com.br
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