Sempre que os homens e as
mulheres se dispuserem a investigar o
porquê ou a razão de certos fatos em que tenham sido parte involuntária,
deverão recorrer ao seu arquivo espiritual e lá encontrarão a explicação clara
e completa do que lhes tiver acontecido. Não fora a sua absorção pelos
interesses puramente materiais, que para muitos, para quase todos os homens e
mulheres constituem o único objetivo da vida, certamente estariam todos em
condições de traduzir fato por fato, deduzindo-lhes as causas e também às
consequências.
O mundo de hoje está
servindo provavelmente como lição derradeira para alguns milhões de almas. Umas
porque terminam aqui, a cadeia de encarnações de aprendizado, preparando-se
para ingressarem noutros planos de vida bem mais felizes do que o atual. Outras
porque, tendo esgotado, não a cadeia de encarnações, mas os limites
permissíveis para que evoluíssem na Terra, sem os resultados previstos, terão
de deixar o planeta para sempre, para ingressarem noutro mais adequado ao seu
estado de endurecimento. Já falamos em capítulos anteriores do que poderá
suceder à classe de almas nas condições acima, dispensando-me por isso de
alongar novamente o assunto.
Quero entretanto frisar que
um esforço bem coordenado por parte de quantos, lendo estes conselhos e
sentindo-se incluídos na classe de almas ainda endurecidas, ou refratárias aos
ensinamentos do Senhor Jesus, ainda podem alcançar a redenção espiritual e
permanecer nesta onda de vida em que se encontram, ascendendo com ela a mais
altos planos espirituais.
Todos conheceis de sobra os
recursos utilizados hoje em dia por muitos pais para que seus filhos se
preparem para passar nos exames finais, ou ingressar em nova categoria de
estudos. Eles chamam explicadores para ensinar os filhos, e se preocupam em
acompanhar o progresso até que consigam o objetivo.
Se assim procederem também
os homens e mulheres realmente desejosos de prestarem os exames finais por
ocasião de seu reingresso no plano espiritual, e se empenharem verdadeiramente
em procurar aprender o que não sabem, isto é, se dispuserem a estudar os belos
ensinamentos que formam o Evangelho de Nosso Senhor, certamente lograrão também
alcançar seus objetivos, acompanhar no Alto seus atuais condiscípulos terrenos
a novos e mais felizes planos de vida.
Desejo relatar-vos em
seguida um fato muito comum a todos nós, desencarnados, já possuidores da luz
divina, mas ainda desconhecido para a grande maioria dos encarnados. Trata-se
de procurar averiguar o grau evolutivo dos Espíritos que diariamente se
despedem de mais uma encarnação na Terra para regressar aos planos que lhes
pertencem no mundo espiritual. Esta averiguação é feita segundo a densidade e luminosidade
de seus veículos espirituais.
Se ao deixar a Terra um
Espírito se apresenta envolto num corpo de matéria fluídica de grande
luminosidade e transparência percebe-se logo sua categoria espiritual bastante
evoluída, sendo sua densidade mínima. Um Espírito nestas condições conseguiu
aprimorar suas qualidades morais na proporção em que foi perdendo peso
específico em seu veículo astral ou corpo fluídico.
Se, entretanto, depararmos
com um Espírito portador de certa luminosidade, porém, num corpo ainda bastante
denso, logo constatamos tratar-se de Espírito possuidor de conhecimentos
adquiridos pelo estudo e preocupação de saber, sem, contudo, haver aprimorado
suas qualidades morais. Isto sucede em regra aos homens e mulheres de intelecto
cultivado na perseguição de objetivos de ordem material, como sejam postos de
destaque em qualquer setor da vida material, interesseira, sem nisto envolverem
os dons do Espírito no aprimoramento das suas qualidades.
Dar-vos-ei a respeito uma
imagem terrena bastante vossa conhecida, para poderdes formar uma idéia muito
aproximada do que representa para nós no Alto a chegada de um Espírito portador
de um notável grau de cultura intelectual, sem a correspondente evolução de
suas qualidades morais. Imaginai o que sucede entre vós quando na sociedade
culta, educada, se apresenta um indivíduo endinheirado, rico, poderoso, mas
desprovido de instrução e incapaz, portanto, de participar de debates de alto
nível, por inteiramente despreparado.
Ele pode vestir-se com
apuro, deixar à porta o seu carro de alto preço, sentar-se na cabeceira da
mesa; o que, porém ele jamais conseguirá, é igualar-se àqueles que, possuidores
de graus universitário ou semelhante, estão preparados para o trato superior
dos assuntos em pauta. Todos os circunstantes identificam desde logo esse ser
humano como homem rico, isso sim, porém falho de conhecimentos que só o estudo
sistematizado pode fornecer.
No Alto sucede coisa
parecida em relação aos Espíritos possuidores de cultura material desenvolvida
ao máximo na Terra, mas ainda portadores de qualidades morais em estado
precário ou até ofuscadas, tal tenha sido em verdade seu comportamento na
última encarnação terrena. Quem, no entanto, primeiro se dá conta da situação
são os próprios Espíritos desencarnados nessas condições, diante da
luminosidade irradiada por aqueles que os recebem, em face de sua triste
opacidade.
Sabendo-se que a única
maneira de o Espírito adquirir luz decorre dos atos e ações meritórias que
tenha podido praticar na Terra, e jamais em decorrência dos conhecimentos
acadêmicos que tenham adquirido, isto explica o porquê e a razão de se
encontrarem no Alto em situação melancólica, Espíritos que se engrandeceram na
Terra no cultivo das ciências e das letras, enquanto outros que viveram vidas obscuras
são possuidores de grande luminosidade.
A explicação serve para
informar uma vez mais aos meus queridos irmãos e amigos, que somente a prática
de boas obras, do amor e da caridade na Terra, pode conseguir a iluminação
espiritual, e jamais o armazenamento de conhecimentos materiais sem o
correspondente aprimoramento das qualidades morais do Espírito.
Um Espírito possuidor de grandes conhecimentos
materiais e universitários, mas privado da luz divina, pode ser comparado a uma
flor de rara beleza inteiramente desprovida de perfume. Perguntar-me-eis
provavelmente se os conhecimentos universitários ou semelhantes não são
necessários à evolução do Espírito. Claro que sim estimados irmãos leitores.
Todos os Espíritos hão de adquirir os conhecimentos peculiares ao plano de vida
ou mundo em que viverem. Paralelamente entretanto, necessitam de aprimorar as
qualidades morais que neles se encontram em estado latente, a fim de adquirirem
nessa prática toda a luz de que necessitam, e que constituí o objetivo de sua
reencarnação.
Que papel poderia
representar na sociedade, por exemplo, um magistrado que houvesse conseguido os
lauréis da integridade por suas sentenças e julgamentos, se fora da Corte de
Justiça ele se conduzisse de maneira pouco ou nada decente pela prática de atos
incompatíveis com a dignidade de magistratura? Onde a moral de semelhante
julgador? Onde o exemplo aos seus contemporâneos, do cultivo da moral que eleva
e dignifica a espécie humana?
Cultivar, pois, as
qualidades morais e procurar desenvolvê-las ao máximo em cada vida terrena, deve
ser e é em verdade, o objetivo primordial de todos os Espíritos
encarnados.